Atriz e produtora de teatro há muitos anos a atriz Simone Zucato tem enfrentado preconceito com relação ao tema que envolve sua próxima produção para o teatro. Simone que é também médica, escolheu um drama que traz como mote principal a questão do autismo. A atriz tem se deparado com um grande desafio ao consultar empresas patrocinadoras :
“ Escolhi produzir uma história sobre uma família que tem um menino que apresenta transtorno autista grave. Na peça é possível ver as dificuldades pelas quais a família passa ao cuidar desse menino da maneira que eles podem, pois é uma família de classe média, fala sobre o mundo do autista severo e também sobre o amor incondicional que os envolve.
É muito triste e muito limitante você estar num país onde as leis de incentivo dependem da aprovação de pessoas que respondem por empresas patrocinadoras e que não tenham esse olhar cuidadoso com os projetos de teatro que são do gênero drama. Aqui eu relato algo que ocorreu comigo na minha busca por incentivos para “Uma História de Todos” , quando uma gerente de marketing de uma empresa patrocinadora tachou “ O Pai” - peça que ganhou O TONY na Broadway, o Prêmio Moliere na França, e recentemente o Oscar em duas categorias - como chata e pesada. Se Temas como a Doença de Alzheimer e o Transtorno Autista estão cada vez mais presentes na nossa sociedade e seus tratamentos são complexos, porque não envolve apenas o paciente em si, mas também seu universo familiar, suas relações pessoais, sua educação, sua profissão. Sem falar que muitas famílias têm dificuldades em manter um tratamento correto e cuidados apropriados para ambas as condições. Sem falar da falta de inclusão na sociedade que ainda sofremos.
O objetivo do teatro é informar, ensinar, orientar. Uma das propostas da peça era ter profissionais ligados ao tema no palco após a peça, para esclarecer dúvidas da plateia, para falar sobre o assunto com o propósito de ajudar a elucidar dúvidas e questões ligadas ao tema. Qualquer texto de qualquer gênero nos dá essas possibilidades, mas é inegável que textos que tratem de temas essenciais como esses devem ser apresentados e discutidos no nosso país. E esses textos não são pesados ou chatos, eles são textos dramáticos - e muitas vezes apresentam um alívio cômico. Infelizmente nossa vida não é feita só de comédias, ou de musicais, de histórias leves apenas. Quem dera! E não estou aqui falando que não gosto de uma boa comédia ou de um belo musical
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